segunda-feira, 31 de agosto de 2009

110 V

Poderia ter te amado pra sempre sem olhar para trás.
Teríamos sido felizes, criaríamos lindas crianças e envelheceríamos juntas, falando do passado.
O improvável seria lei todos os dias, fosse num aniversário ou numa quarta-feira qualquer.
Acordaria todos os dias ao teu lado e te beijaria, talvez dissesse baixinho que eu te amo, talvez não.
Você provavelmente levaria café na cama pra mim e talvez eu te desse rosas.
Talvez você me traísse, e eu também. Brigaríamos todos os dias, não nos olharíamos nos olhos e eu te mandaria dormir no sofá, você me trancaria pra fora de casa.
Eu jogaria todas as suas roupas pela janela e você tiraria as minhas.
Nos separaríamos por um ou dois anos, mas voltaríamos a ficar juntas no momento em que nos encontrássemos na rua por um acaso.
Você me roubaria um beijo se eu não o roubasse antes.
Continuaríamos a discutir sempre e eu jogaria tudo na sua cara.
Tenho certeza de que teríamos sido muito felizes, mas você desistiu de si mesma, de mim, das possibilidades e das expectativas.
Ao olhar para trás sem pensar no futuro, você me fez perceber que possibilidades são encontradas a cada esquina, em cada pessoa, a cada novo segundo, que o fato de poder não quer dizer que se deve.
Eu poderia ter te amado sem olhar para trás, mas escolhi seguir em frente.


“Não se ama duas vezes a mesma mulher”
Olavo Bilac

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