quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Futuro do Pretérito

Provaria todos os dias tudo que sinto por você, faria loucuras, promessas, juras de amor. Subiria o prédio mais alto de São Paulo de escadas, pararia de fumar e dormiria no horário certo. Cozinharia depois de um dia longo, te mimaria sempre o máximo que eu pudesse, daria meu coração. Eu esqueceria dos meus medos, me apaixonaria. Eu comeria peixe cru, beringela e até um tomate. Aprenderia a ser mais atenta, melhoraria minhas falhas, te faria feliz. Viajaria todos os finais de semana pra te ver e te apresentaria pro meu avô. Colocaria a vergonha de lado, ficaria um pouco mais quieta. Amaria seus defeitos mesmo quando te odiasse. Aprenderia a aceitar a distância e saberia quando estar por perto. Te aninharia no meu colo, cuidaria de você. Seria sua companheira, sua melhor amiga. Escreveria 500 livros de romance e cantaria no karaoké a música mais brega e melosa pra você. Jogaria futebol no vídeo game e veria filmes chatos no cinema, mesmo se a vontade fosse de não desgrudar da sua boca. Aprenderia francês pra te seduzir e emudeceria para te ensinar a ouvir o que eu tenho a dizer por dentro. Te venceria no baralho e aceitaria que algumas vezes eu estou errada. Perderia um pouco da marra e da minha braveza, pararia de te chamar de chata. Eu ficaria sem comer chocolate durante uma TPM, durante duas até. Não ligaria quando você roubasse o meu edredom e meu travesseiro durante a noite, esquentaria seus pés no frio. Te deixaria tomar o ultimo copo de Coca-Cola e pedir a pizza com cebola. Te acalmaria quando ficasse com medo, faria qualquer coisa por você. Teria certeza mesmo na minha inconstância de que quem eu quero é você. Mas o mais importante é que, acontecesse o que fosse, por você seria amor.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Foundations

Me fizeram acreditar que a vida é que nem um Lego, que você pega as pecinhas e as vai juntando até transformar esses mesmos bloquinhos de plástico em alguma coisa, moldando pra que essa alguma coisa vire sua obra de arte. Só que o box de Lego veio com defeito, porque as peças nem sempre se encaixam, elas se divergem de maneira estranha e assimétrica. Tão assimétrica que parece que com o menor vento vai tombar... Você analisa, analisa, analisa... Até que encontra a solução pra manter tudo no lugar, com vento, chuva e o que mais vier. 
A solução é uma única peça, que vai fazer tudo se endireitar em seu lugar, firmar as bases e – finalmente - começar a tomar forma... Procura, procura, procura, mas o encaixe é sempre diferente. Sempre uma esperança, que se torna num tombo de tudo que você construiu. Como somos programados pra tentar até conseguir,  mais uma vez construímos nosso castelo capenga e mais uma vez: Falta aquele único lego. Voltamos à tentativa e erro, procura e falta... Até que encontramos. Você coloca aquele leguinho ali e tudo faz sentido, puf! Que nem mágica...
Você aproveita e se sente exatamente como deveria ser, completo e firme. Vem a chuva, vem o vento e eles até balançam seu castelo, mas ele tá ali, de pé. Só que dessa vez, seu castelo protege uma vila inteira, cheia de pessoas dispostas a lutar pelo que você construiu. O tempo passa... Tudo muda e vem a guerra - porque ela sempre vem. Seus soldados se ferem, suas muralhas ficam fracas... Tentam destruir seu legado, destruir seu trabalho e quando você passou pelo pior e venceu tudo, pensa que é a hora da calmaria, de finalmente aproveitar tudo aquilo que te deu tanto trabalho e luta pra manter.
Então você respira... Meio esquecido de como fazer isso, de como respirar aliviado e leve. E nessa hora, aquela peça que manteve tudo no lugar se retira da fundação e tudo cai. Nesse momento, tudo que você sente é desespero, vendo tudo se perder em um tempo passado. O que a gente não vê é que se fosse a peça certa, o encaixe seria perfeito, não instável como foi. Então a gente pega lego por lego e começa outra vez na esperança de acertar na próxima...
"Eu sei que vou. Insisto na caminhada. O que não dá é pra ficar parado. Se amanhã o que eu sonhei não for bem aquilo, eu tiro um arco-íris da cartola. E refaço. Colo. Pinto e bordo. Porque a força de dentro é maior. Maior que todo mal que existe no mundo. Maior que todos os ventos contrários. É maior porque é do bem." Caio Fernando Abreu.