sexta-feira, 2 de julho de 2010

Confissão

Neguei, neguei friamente por muito tempo, que um dia senti sua falta. Machucava meu ego, mais do que qualquer outra coisa, admitir que sentia saudades de alguém que não queria saber de mim, que me acusava de coisas que eu não fiz, ainda mais sendo que tudo que eu sempre tentei foi estar mais perto, mais chegada e fazer o meu melhor.
Os primeiros meses foram os mais difíceis, úmidos e áridos... Meus olhos cada vez mais encharcados, meu coração cada vez mais seco. Precisava de você, eu clamava por você, mas minha esperança, de que importaria se eu te pedisse pra voltar, era nula. Cria que seu amor por mim tinha sido uma mentira, que nossa amizade uma ilusão que eu criei, para me satisfazer na necessidade patológica de preencher minha solidão.
O tempo passou e no lugar da aridez, ficou a agonia. A agonia de te ver na rua, diversas e repetidas vezes, mas não cumprimentar. A agonia de saber que eu precisava de alguém, mas não qualquer alguém, meu alguém era você.
Tentei te substituir. É a mais pura verdade quando te dizem que não há um jeito de substituir uma pessoa, cada um é único. Você na minha vida é singular ao extremo, tanto que, quanto mais tentei te substituir, com mais raiva fiquei. Por mais esforços que eu fizesse, jamais encontraria alguém como você, sempre sentiria a sua ausência espremendo meu orgulho e dilacerando meu coração.
Minha melhor amiga não estava lá, eu não estava mais lá... Menos de um ano, em menos de um ano mudei, estava perdida, tentando te encontrar, sendo que esse tempo todo você estava bem aqui, comigo.
Chega a ser engraçado como eu fui burra, como a falta de percepção me fez sofrer por algo que poderia ter se resolvido tão antes. Meu medo de te perder pra sempre me impediu, por muito tempo, de tentar. Eu, que sempre fui toda orgulhosa de dizer ‘eu tentei’, tinha perdido a coragem pra dar a cara a tapa e tentar te reconquistar. Tive medo da derrota. Eu não conseguia te perder de novo... Não mais uma vez.


“Sinto-lhe como ponte elevadiça.
Subo. Desço.
Entro e saio.
Jamais fico,
jamais ao lado
Somente embaixo
somente em cima.”

Fernanda Young

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